(…) Dei por mim a perdoar coisas imperdoáveis, a namorados, ex-namorados, amigos, colegas, família, e a ser sempre a totó de serviço. Quantas e quantas e quantas vezes não engoli o orgulho, não dei o braço (e o corpo todo) a torcer, não arranjei desculpas para as idiotices alheias, não relevei coisas que me tinham magoado à séria. A verdade é que sempre odiei chatices, sempre odiei estar chateada com as pessoas, sempre odiei aqueles climas de não falar e fingir que os outros não existem. É desconfortável, por isso sempre preferi passar a mão no pêlo, dar o primeiro passo e fazer de conta que, afinal, não tinha importância nenhuma.
(…) Até que depois crescemos. Claro que quando crescemos, ou achamos que sim, regra geral já é tarde. Já fizemos todas as asneiras e mais algumas, já relevámos uma data de coisas daquelas que dizíamos "nunca na vida que eu perdoaria uma coisa destas", já fomos, uma vez mais, idiotas. E depois olha-se para trás e a pergunta "mas para que é foi aquilo tudo?" é inevitável. (…) As pessoas desiludem-nos. De propósito, sem se darem conta, porque não têm capacidade para perceber os seus actos, porque são parvas, infantis, inconsequentes, levianas, egoístas, seja lá o que for. E nessa altura faz-se a triagem. Perdoa-se quem merece ser perdoado, expulsa-se das nossas vidas quem não interessa, quem não é um valor acrescentado, quem não está lá a fazer nada, quem não merece (porque é disso que se trata, merecer) a nossa amizade, o nosso amor, ou o nosso respeito. Acho que ao longo da vida se vai percebendo que não temos tempo de qualidade para dedicar a toda a gente que gostaríamos, por isso é uma parvoíce gastá-lo com quem não interessa. As pessoas são falíveis, e eu sei que também já desiludi algumas pessoas. Aliás, passo a vida a achar que o estou a fazer e a tentar remediá-lo o melhor que sei e posso. Mas também acho que estou mais intolerante. Ou mais esperta. (…) Já não acho que tudo é admissível, que tudo é desculpável, que toda a gente é bem intencionada mas que, de quando em vez, tem um lapso, um descuido. Não é verdade. Para tudo na vida há sempre aquele segundo em que se pode optar. Sempre, sempre, sempre. Por mais que digam que não. Opta-se entre ir para a direita ou para a esquerda, entre comer carne ou peixe, entre fazer ou não alguma coisa que vai ter consequências, causar estragos, magoar alguém. Nada é ao acaso, por muito que dê jeito pensar que sim. Lamentavelmente, as pessoas não são todas boas. E, lamentavelmente também, há gente intrinsecamente parva que nos rodeia, que diz e faz parvoíces indesculpáveis, que o máximo que merece de nós é indiferença. Ou pena.
É raro o dia em que (…) não sei de uma história de alguém que tem o mundo virado do avesso por causa de outro alguém, e tenho pensado nisto. Nisto e na efemeridade da vida. (…)
(…) Até que depois crescemos. Claro que quando crescemos, ou achamos que sim, regra geral já é tarde. Já fizemos todas as asneiras e mais algumas, já relevámos uma data de coisas daquelas que dizíamos "nunca na vida que eu perdoaria uma coisa destas", já fomos, uma vez mais, idiotas. E depois olha-se para trás e a pergunta "mas para que é foi aquilo tudo?" é inevitável. (…) As pessoas desiludem-nos. De propósito, sem se darem conta, porque não têm capacidade para perceber os seus actos, porque são parvas, infantis, inconsequentes, levianas, egoístas, seja lá o que for. E nessa altura faz-se a triagem. Perdoa-se quem merece ser perdoado, expulsa-se das nossas vidas quem não interessa, quem não é um valor acrescentado, quem não está lá a fazer nada, quem não merece (porque é disso que se trata, merecer) a nossa amizade, o nosso amor, ou o nosso respeito. Acho que ao longo da vida se vai percebendo que não temos tempo de qualidade para dedicar a toda a gente que gostaríamos, por isso é uma parvoíce gastá-lo com quem não interessa. As pessoas são falíveis, e eu sei que também já desiludi algumas pessoas. Aliás, passo a vida a achar que o estou a fazer e a tentar remediá-lo o melhor que sei e posso. Mas também acho que estou mais intolerante. Ou mais esperta. (…) Já não acho que tudo é admissível, que tudo é desculpável, que toda a gente é bem intencionada mas que, de quando em vez, tem um lapso, um descuido. Não é verdade. Para tudo na vida há sempre aquele segundo em que se pode optar. Sempre, sempre, sempre. Por mais que digam que não. Opta-se entre ir para a direita ou para a esquerda, entre comer carne ou peixe, entre fazer ou não alguma coisa que vai ter consequências, causar estragos, magoar alguém. Nada é ao acaso, por muito que dê jeito pensar que sim. Lamentavelmente, as pessoas não são todas boas. E, lamentavelmente também, há gente intrinsecamente parva que nos rodeia, que diz e faz parvoíces indesculpáveis, que o máximo que merece de nós é indiferença. Ou pena.
É raro o dia em que (…) não sei de uma história de alguém que tem o mundo virado do avesso por causa de outro alguém, e tenho pensado nisto. Nisto e na efemeridade da vida. (…)
A Pipoca Mais Doce (daqui)
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