terça-feira, 29 de novembro de 2011

Enfermedad

Nos últimos dias tenho estado doente. Acho que já não ficava assim tão mal há muito tempo, pelo menos que me lembre. Ou então é o facto de estar longe de casa que agrava a situação. Mas enfim, a febre, as dores de garganta, de cabeça e todo o corpo, o nariz a pingar, os espirros e a tosse não me têm largado ultimamente. Tudo começou sexta-feira. Na quinta à noite apanhei frio e na sexta, quando acordei, sofri as consequências. Mas era só uma leve dor de garganta, portanto tomei um cházinho e, à noite, voltei a ir para a borga. Sábado voltei a acordar com a companhia da bela da constipação. Como tinha um botellon marcado para essa noite, resolvi ficar metida na cama o dia todo para mais tarde poder sair. E assim o fiz. À noite sentia-me muito melhor e lá fui eu. E que noite foi, minha gente! Que noite! Domingo é que tudo descambou. Acordei num estado lastimável, a arder em febre. Quase não conseguia abrir os olhos, doía-me o corpo ao ponto de me fazer chorar, doía-me a garganta ao ponto de não conseguir comer. Voltaren e benuron em doses cavalares mas que, ainda assim, não surtiram efeito. Passei o dia todo fechada no quarto, enfiada na cama, sozinha, com vontade de estar em casa e de ter a minha mãe ao meu lado. Ninguém me veio perguntar se estava bem, se precisava de alguma coisa. Ninguém veio verificar se eu estava viva ou morta. Ninguém. Nessa noite não dormi até às seis da manhã. E se não fosse ele a "distrair-me" com as suas mensagens, acho que tinha dado em louca. Passei muito mal, mas não acordei ninguém para me vir acudir. Ontem, segunda-feira, não fui às aulas. Voltei a passar o dia todo no quarto, sozinha. Sim, nunca me tinha sentido tão sozinha como me senti nos últimos dias. Só à noite a Joana me veio perguntar se eu queria ir hoje com ela ao hospital. Disse-lhe que não sabia, que dependia do estado em que acordasse hoje. A verdade é que acordei melhor, finalmente. Dormi bem, apesar de ter acordado cedo. Aproveitei para pôr parte do estudo em dia, para dar uma arrumação ao quarto e para tomar um bom banho. Pensava eu que estava bem melhor, a caminho da recuperação. E a verdade é que relativamente à gripe estou. Mas agora, vá-se lá saber porquê, sinto umas náuseas estranhissimas. Acho que só podem ser efeito na medicação, uma vez que nos últimos dias eu só tenho comido sopa e bebido chá. A sério, que sorte a minha!

Eu digo

Errar é humano. Persistir no erro é só estúpido.
So... Let's be stupid!

Ele disse*

"Queres saber o que sinto? Queres saber como me deixas? Nervoso, ansioso. Expectante."


*Sim, ele, o que voltou.

domingo, 27 de novembro de 2011

Olha só quem voltou!

Ele. Sim, ao fim deste tempo todo voltou. Cheio de falinhas mansas, muito simpático, super amoroso - tanto que até custa a acreditar que é ele. Parece que ele e a namorada terminaram. "Uma relação com muita pressão"- diz ele - na qual "não era feliz". Diz também que agora está com um trauma. Eu ri-me por dentro. São coisas da vida, meu amigo. Não há nada que o tempo não cure, disse-lhe eu, tendo plena consciência que lhe estava a mentir. O tempo não curou a ferida que ele me deixou. O tempo não apagou o sentimento que nutria por ele. Não, o tempo não cura tudo.

Mais coisas

Estás confuso. Sim, não tenho dúvidas em relação a isso. Andas com uma e com outra - sempre bêbado. Não sabes o que queres, não sabes quem queres. Tens alguém no teu país à tua espera, mas não estás seguro de que é isso que pretendes para ti. Comigo, tudo na mesma. Alguns elogios, um "anda, vem dançar comigo!", mais umas festinhas no cabelo, um piscar de olhos e um ou outro sorriso com mais do que um significado. Não sei o que esperar de ti. Não sei, tampouco, se devo esperar por ti.

Homens

Só tenho um na minha vida. E é esse que me vem visitar a Granada no dia 10 de Dezembro.
Pai.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Irritações matinais

Isto de se viver com pessoas tem muito que se lhe diga. E há determinados dias em que, para mim, se torna insuportável. Normalmente, nesses dias, opto por me fechar no quarto ou por estar fora de casa o dia todo, só para não correr o risco de armar confusão. Ora hoje de manhã, não deu para evitar. Sim, é de manhã. Sim, é a altura mais critica do meu dia.
Então o que acontece é que eu adormeci. Tinha uma aula às 10, o que significa que no máximo dos máximos às 8:40 já teria de estar a pé, para às 9:20 já poder estar a sair de casa.
Pois que estava eu muito bem a dormir - depois vim a descobrir que tinha posto o despertador para as 9:30 e não para às 8:30 - quando acordo muito sobressaltada com um "Leonor, já são nove e um quarto!". Claro que fiquei logo possuída. Primeiro porque tinha adormecido e, segundo, porque não percebi porque é que ela, ao perceber que eu tinha adormecido, esperou até às 9:15 para me acordar (mesmo sabendo perfeitamente que temos que sair de casa às 9:20 para chegarmos a horas à faculdade e mesmo sabendo que se eu às 8:40 não estou a pé é porque adormeci).
Obviamente que, sendo a aula de uma hora e uma vez que eu nunca chegaria menos de meia hora atrasada, não fazia qualquer sentido ir. Para ela não foi assim tão óbvio. Deixei-me ficar na cama mais dez minutos. Não conseguindo adormecer, levantei-me e fui tranquilamente preparar o pequeno almoço que trouxe para o meu quarto. Nisto, eram já umas 9:40 quando ela me aparece no quarto e diz: "Não vais à faculdade?". "Claro que não!" - respondi-lhe. "Ah podias-me ter dito, eu estava à tua espera!". COMO??? Respirar fundo, contar até 10 devagar. "Então eu acordo 5 minutos antes da hora de sair de casa e tu achas que eu tenho tempo para me arranjar e chegar lá a horas?". "Podias-me ter avisado" - diz ela. "Olha, e tu podias-me ter acordado!". Enfurecida, fechou a porta do meu quarto e saiu de casa.
Há coisas que me tiram do sério, mesmo! Então se forem de manhã, nossa!

domingo, 20 de novembro de 2011

Coisas que não consigo entender

Ontem fui a Córdoba com um grupo enorme de pessoal de Erasmus (devíamos ser mais de 50). Entretanto hoje resolvi adicionar algum desse pessoal no facebook e identifiquei-os a todos numa foto de grupo. A pessoa mais gira desse grupo - um italiano com uma pinta descomunal - foi logo lá comentar a dita foto. Depois disso, veio falar comigo no chat. Desenrola-se o seguinte diálogo (se é que se pode chamar diálogo a esta "coisa"):

Ele: Hola chica!
Eu: Hola! :)
Ele: :D

E depois disto, silêncio. O que é que posso concluir daqui? Nada, a não ser que os homens são uma espécie extremamente estranha. Então o italiano giraço mete conversa comigo e depois da primeira frase cala-se?! Qual foi o propósito disto afinal? Eu ainda mandei um smilezinho para ver se ele reagia, mas nada. Enfiiiiiiiiiim, homens!

Quase, quase!

E assim, como se nada fosse, já se passaram dois meses. Só falta um mês para ir para casa. Passo o Natal e, talvez, a Passagem de Ano em Portugal. Se me apetece voltar? Por um lado sim. Natal é com a família e eu tenho saudades da minha. Mas por outro... Não sei. Sinto que tudo isto está a passar a voar e não gosto da sensação. Não tarda estou a voltar para o Porto, para a minha vidinha rotineira de sempre.
O que eu queria mesmo era ficar cá o ano todo. Acho que não vai ser possível, mas de qualquer das formas, já mandei um e-mail para a minha Faculdade a perguntar.

Finalmente.


Ontem apareceste. Finalmente. Brinquei contigo. Provoquei-te. Estás cá?! Que surpresa! E eu a pensar que tinhas ido fazer Erasmus para outro sítio qualquer... Sorriste, apesar de não teres achado muita piada. O que interessa é que tens estado em boas mãos, pelo que me disseram. Aí respondeste - disseste que não era verdade, que ninguém me tinha dito uma coisas dessas. Achas-me com cara de quem está a mentir? Voltaste a sorrir, mas desta vez com um olhar terno. Sabias melhor do que ninguém que o que eu dizia era verdade.
Quase não te voltei a ver o resto da noite. Até ao momento em que me ia embora.
Até logo, emigrante!, disse-te. Uma festinha no cabelo e um sorriso.
Virei costas e fui para casa.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Tão bom de se ouvir*


"Obrigada a ti e ao teu bom gosto, que tornam o Mundo mais bonito."


*ainda que não tenha sido dito pela pessoa desejada.

Conversas

Na pista, a dançar música latina:

Ele: Não faças isso se não os espanhóis ficam malucos!
Eu: E então?
Ele: Ai é? Vou-me embora então.

Expressa um misto de irritação e amuo e vira costas. Até eu o puxar pelo braço pedindo, com o olhar, que ficasse. Ele sorriu e ficou.

Segredo

É verdade que nunca pensei, em Erasmus, vir a sentir isto por alguém. Não estou apaixonada, não é algo assim tão forte. Mas é algo suficientemente forte para me fazer sentir ciúmes. Sim, é verdade que ontem quando não te vi fiquei irritada. Fiquei irritada por saber que, se não estavas ali, estarias certamente com uma qualquer grega, croata, italiana ou o diabo a sete. E fiquei ainda mais irritada quando, discretamente, perguntei por ti ao teu amigo. "Está em boas mãos, tenho a certeza!". Forcei um sorriso e continuei a dançar, como se aquilo não me tivesse deixado a fervilhar por dentro.
Hoje vou ver-te e vai ser como sempre. Umas bocas, uns olhares... Nada mais. Nada de concreto. Porque eu tenho medo de avançar e tu... Tu não sei! Ainda não percebi qual é o teu problema. Se é pura e simplesmente falta de interesse ou outra coisa qualquer.
Apesar de tudo, gosto deste jogo. Tira-me anos de vida, mas gosto dele. Gosto de ti, mas, shiiiu, é segredo.

domingo, 13 de novembro de 2011

Pai

Pois que o meu tão querido e adorado pai fez anos. No dia 7 deste mês o meu pai completou 60 anos. Sim, uma idade a ser comemorada. Mas eu não estava lá como ele, não o pude abraçar nem "oscular" (como ele gosta de dizer) nem dizer-lhe pessoalmente o quão feliz sou por ser filha de um homem tão incrível quanto ele. E isso custou-me muito. Foi dos dias que mais me custou a passar cá em Granada. Foi a primeira vez que não estive com o meu pai no dia dos seus anos. Valeu-me o Skype, mais uma vez, que me deixou fazer uma conferência com ele e com a minha irmã, cada qual no seu sofá, cada qual na sua casa, cada qual na "sua" cidade. E soube bem. Serviu-me de consolo, pelo menos.
O meu pai é provavelmente a pessoa de quem mais sinto falta.

sábado, 5 de novembro de 2011

Do Erasmus

Estive agora a ler textos antigos. Coisas que escrevi antes de vir para Erasmus. (Antes que me atirem pedras por ser sexta-feira e eu estar em casa, deixem-me dizer-vos que estou doente. Nada de grave mas o suficiente para me impedir de ir para a boa vida. Ainda por cima chove torrencialmente em Granada!). E, como eu estava a dizer, revi todo o processo: a fase da euforia, quando ainda faltavam alguns meses para vir; a fase dos nervos e das dúvidas, quando a partida já se aproximava; e a fase do pseudo-arrependimento, mesmo nas vésperas de vir para cá.
Agora que cá estou penso na parva que fui por ter "sofrido" tanto por antecedência! Erasmus é totalmente diferente daquilo que eu imaginava. Mas é melhor ainda. É uma experiência incrível e, agora sim, posso afirmar com toda a certeza que não me arrependo mesmo nada de ter entrado nesta aventura. Tenho conhecido pessoas incríveis, sítios lindos de morrer, tenho aprendido novas coisas, visto pessoas diferentes e experimentado sabores desconhecidos. Se me perguntassem agora se queria regressar a Portugal eu diria, prontamente, que não. Claro que tenho saudades, mas não anseio voltar. Quero aproveitar esta experiência ao máximo porque a minha vidinha de sempre, essa, lá estará à minha espera.
Sinto o coração apertado quando penso que já cá estou há um mês e meio. O tempo voa e, não tarda nada, já estou de regresso ao meu país. Não quero pensar nisso. Não, ao contrário das minhas compañeras de piso, não estou mortinha por voltar para casa, para debaixo das saias da mamã e para a zona de conforto. Não é que elas não estejam a gostar, mas acho que perdem demasiado tempo a pensar no regresso a casa e acho que, de uma maneira ou de outra, isso as faz perder uma boa parte do que esta experiência tem para oferecer.

Frase do Mês #22

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

I'm (not) sexy and I know it!

Nunca fui uma miúda sexy. Nem nunca soube aprender a sê-lo. Há aquelas mulheres que têm sensualidade a correr-lhes nas veias, que transpiram sensualidade, que são sensuais ao acordar e ao adormecer. Depois há aquelas que não o sendo naturalmente, aprendem, e desempenham esse papel de forma verdadeiramente profissional, quais actrizes de Hollywood. E depois há as outras - nas quais eu me encaixo - que simplesmente não são nem sabem ser sensuais.
Sempre fui meia trapalhona, meia desengonçada. E não sei se por timidez, insegurança ou mesmo por falta de jeito, nunca "deixei" que esta minha faceta - a de mulher sensual (há quem diga que todas as mulheres a têm) - se desenvolvesse.
Lembro-me perfeitamente de há para aí dos Verões atrás estar numa festa a falar com um rapaz. Um rapaz que eu conheço há anos, giríssimo e que, apesar de nunca se ter passado nada entre nós, todos os anos rola um clima super especial. Então estava eu na conversa com ele, já os dois meios com os copos, imagino, falando acerca de qualquer coisa que eu agora não me recordo. E estava uma amiga minha (cinco anos mais velha do que eu) a observar-me. Quando a conversa acabou e cada um foi para seu lado, ela vem ter comigo e diz-me: "Leonor, tu não sabes falar um rapaz.". E com "rapaz" ela não queria dizer qualquer elemento do sexo masculino, mas sim com um ou outro mais específico com quem rolava o tal clima. E eu, espantadíssima, perguntei-lhe porque é que ela dizia tal coisa e ela disse: "Tu estavas a falar com ele como estás neste momento a falar comigo.". Na altura fingi que percebi, engoli aquilo e não toquei mais no assunto (acho que fiquei com o orgulho um bocadinho ferido). Só depois é que percebi que o que me faltava era a tal sensualidade. Nos gestos, nas palavras, em toda a linguagem corporal.
Nunca senti muito a falta dessa tal sensualidade que, ao que consta, não tenho. Ao que parece, todos os que se interessaram por mim foi por outros motivos que não a minha "arte de seduzir". E sim, também é bem verdade que - por sorte ou por azar - a seduzida fui sempre eu, a corte foi-me sempre feita a mim. Só agora, pela primeira vez na vida, sinto que a sensualidade me poderia dar jeito. Agora que, estranha e inconscientemente, interiorizei um objectivo que é precisamente o de seduzir alguém. O problema é que não faço a menor ideia de como o fazer e acho que já é um bocadinho tarde demais para aprender. Não sei ser sexy.