sábado, 3 de abril de 2010

Nosso

Hoje saí de casa sem rumo, sem companhia... Comecei a andar e o vento gelado a bater-me na cara e no peito. Não me incomodava, senti-me quase como se estivesse morta. Quando dei por mim estava a encaminhar-me para um dos nossos sítios. Nunca tinha percorrido aquele caminho sem ti. Nessa altura apercebi-me que não fazia sentido. Não, não faz sentido. Porque motivo não podemos estar perto de quem gostamos? No outro dia li algures que o destino por vezes une duas pessoas que se amam apenas para depois as separar.
Cheguei àquelas escadas. Lembras-te daquelas escadas? Estivemos lá horas, numa noite. Era domingo e não havia nenhum sitio aberto ali perto. Estava muito frio, mas nós não nos importávamos. Tinhamo-nos um ao outro e isso era mais do que suficiente. Hoje voltei a sentar-me lá. O mesmo frio. Por breves instantes quase senti o teu abraço, a tentar aquecer-me. Estive ali sentada durante muito tempo. Chorei. Chorei muito. O frio foi mais forte por isso levantei-me e fui ao nosso café. Também nunca lá tinha entrado sem ti. Por instinto, dirigi-me àquela mesa, à nossa mesa. Acabei por não me sentar lá, achei que seria ainda mais difícil. Sentei-me então noutra mesa. Pedi um café ao empregado de sempre. Lembras-te do empregado? Tu costumavas chamar-lhe Zé, em tom de gozo. Acho que até ele estranhou ver-me ali sozinha, sem ti. O café chegou (o Zé sempre me serviu muito rapidamente, lembras-te? Tu dizias que ele gostava mais de mim do que de ti. E agora tem razões para isso - tu abandonaste-o. Eu continuo aqui...). Não aguentei. Voltei a desmoronar. A olhar para aquela mesa lembrei-me de tudo. Adoravas envergonhar-me a frente das pessoas. Escolhias sempre as horas em que o café enchia para fazeres as figuras mais tristes. Eu chamava-te estúpido e dizia que te odiava. E ria, ria, ria... Tu fazias-me rir, sempre! Mesmo quando discutíamos. Agora que não te tenho, agora que te perdi, perdi também a vontade de rir. A minha gargalhada já não tem o fogo que tinha. Os meus olhos perderam o brilho.
Fazes-me falta. Já te tinha dito?

5 comentários:

  1. oh, minha querida.
    não há mesmo nada a fazer? :$
    vi por estas palavras que estás mesmo infeliz.
    e sim, esta frase é muito verdadeira: "o destino por vezes une duas pessoas que se amam apenas para depois as separar."

    muita força, minha querida.

    ResponderEliminar
  2. não deixo nada de ler pk há cenas k escreves k até me fazem... digamos... recordar.. xD
    força para cima ;)

    ResponderEliminar
  3. alguem q nos marca muito , deixa sempre saudade. Infelizmente, sei o q isso é .
    beijinho *

    ResponderEliminar
  4. É, só quem vive uma situação assim destas, só quem perde alguém realmente importante, percebe o sentido verdadeiro da palavra saudade. A força há-de chegar, a pouco e pouco...

    ResponderEliminar