sexta-feira, 16 de abril de 2010

V

Podia escrever sobre muita coisa, muitas pessoas, muitos lugares. Mas hoje, hoje apetece-me escrever sobre ela.
Ela chegou assim de mansinho, como quem não quer a coisa e, também como quem não quer a coisa, foi ganhando um lugar cada vez mais especial no mais profundo do meu peito. Tão especial que se tornou imprescindível. É verdade que nem sempre concordamos, já tivemos as nossas divergências e chegamos até a ter discussões feias. No final, sabíamos sempre que muito mais é o que nos une que aquilo que nos separa. Gosto dela porque é directa e assertiva. Diz o que tem a dizer, sem papas na língua. Nunca com malícia, é importante referir. Gosto dela porque sabe ouvir. Oh! O que ela já ouviu de mim! Pode nem sempre saber o que dizer, mas para ouvir não há pessoa melhor do que ela. E ouve com atenção, mais, ela ouve com o coração. Já chorei com ela, já caí e precisei da mão dela para me conseguir levantar. Já a vi sofrer e ninguém sabe o quando isso me doeu. E já passamos tão bons momentos juntas, lembras-te? Cometemos algumas loucuras, alguns excessos, dissemos as maiores barbaridades, falamos mal de muita gente, fizemos muitos filmes por aí… Adoro a verdade que está por trás do sorriso dela. Vocês não imaginam, mas o sorriso dela ilumina até as noites mais escuras. Às vezes é fria e nem sempre lido bem com isso. Mas respeito e até admiro, porque às vezes na vida é bem mais sensato olhar certas situações com uma pontinha de frieza. Ela diz que não é pessoa de sentir saudades. Eu sou.
A vida é assim – não pára. Por um motivo ou por outro afasta-nos das pessoas mais importantes. Mas nós continuamos perto, apesar de tudo. E tenho de agradecer ao acaso que a trouxe até mim ou que me levou até ela. E se é verdade que as pessoas entram na nossa vida por acaso, também é verdade que não é por acaso que elas permanecem. Tão diferente mas tão igual a mim… É assim que eu gosto dela.

2 comentários:

  1. Bem sabes que costumo dizer que a amizade não se agradece, retribui-se. E espero que também saibas que gosto muito de ti. É verdade que discordamos e que temos modos diferentes de ver a vida em muitos aspectos. Mas também é verdade que temos muitos mais que nos unem.
    Foi muito importante para mim ler isto. Ao longo do tempo tenho-me tornado mais fria mesmo, mais dura com os outros, mais racional. Dei algumas quedas, penso muito, analiso muito as pessoas no geral. Isso ironicamente tornou-me menos sensível, porque percebi que o mundo se divide em dois grandes grupos: o das boas e o das más pessoas. Percebi também que eu sou a pessoa mais importante da minha vida e que farei sempre de tudo para me fazer feliz. Egoísmo chamam-lhe uns, amor-próprio chamo-lhe eu. Com isto quero justificar todas as minhas falhas como amiga. As vezes em que falhei, reconheço-as. Falhei sobretudo na ausencia porque sou humana e pensei na minha felicidade, pensei na relatividade da vida, do amor e dos homens. Falhei e falharei, porque a minha necessidade de viver isto está mais presente do que nunca.
    Não tenho saudades, mas sofro com o teu sofrimento e de todos os meus amigos. A minha consciência não me deixa dormir muitas vezes, porque gostava de resolver-vos a vida. Infelizmente não tenho meios. E calo-me. Aconselho no que posso e calo-me, porque temo ser ainda mais fria.
    A vida não é como nos livros, nos sonhos ou nas histórias de encantar. É uma maravilha sim, mas também tem uns quantos dissabores. Nós não paramos assim como ela, é verdade. Se entramos na vida uma da outra, por alguma razao foi. Eu gosto muito de ti, já o disse e volto a dizer. Por gostar muito de ti quero que também gostes de ti e que te valorizes. És mais forte do pensas e sempre que achares que não, bate à minha porta para eu te recordar disto.

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  2. Eu entendo-te perfeitamente, a sério que sim. E vivo um bocadinho mais feliz, todos os dias, por saber que tu vives feliz. Admiro-te por teres aprendido a olhar a vida dessa maneira. Espero um dia também eu conseguir!
    Aprendi contigo que tudo tem um lado positivo. Disso, nunca mais me vou esquecer.

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