quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Mas depois...

Até que chega o dia em que acordas para a vida e te apercebes que os príncipes encantados não só já não existem como nunca existiram. Percebes que, afinal, ele não é perfeito, pelo contrário, ele até tem todas as características que tu não consegues suportar num homem e que, afinal, a paixão é que é cega. Chegas à conclusão de que esse tal príncipe nunca irá entrar na tua vida, por isso é melhor despachares-te e contentares-te com o teu vizinho engenheiro. Os médicos não têm vida pessoal e, além disso, se não começares a fazer pela vidinha, dás por ti já fora do prazo de validade. Lembras-te de que vives num sexto andar recuado e que por isso, a tal serenata dos teus sonhos nunca seria possível. Depois apercebes-te de que cafuné qualquer um pode fazer e que até podes viver com o facto de teres alguém ao teu lado que não sabe cantar. As viagens e as aventuras vão-se limitar a uma semana em Agosto algures entre Portimão ou Albufeira e vais-te contentar com isso. De um momento para o outro esqueces-te que, um dia, chegaste a acreditar que os príncipes encantados realmente existiam e que tu, como princesa que eras, terias direito ao teu. A vida real não é um conto de fadas. E pensas, “que estupidez, como é que eu fui capaz de acreditar numa barbaridade destas?”.
Ou então vives iludida a vida toda. E quem se ilude, mais cedo ou mais tarde, desilude-se. E vives assim, desilusão atrás de desilusão. “Agora é de vez, ele é o tal, eu sei que é!” e voltas a bater com a cabeça na parede porque depositaste demasiadas expectativas numa pessoa que, afinal, só te queria para dar umas voltas. Continuas a acreditar que as boas pessoas, no final, serão sempre recompensadas, que os heróis existem, existem anjos da guarda e até a fada dos dentes é uma realidade.

1 comentário:

  1. Eles não percebem, mas nós percebemos muito bem. Depois não posso por fotografias das bebedeiras nem de nada disso. Naaa! :D

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