E cá estou eu, no último dia do ano, a sentir-me cansada, desiludida e com o pressentimento muito forte de que algo de mal vai acontecer. Sim, pode ser só uma estupidez, mas é o que sinto neste momento.
Independentemente disso, 2011, para mim, não foi um ano assim tão mau. Começou em grande, com copos, música e amigos. Depois, algumas previsões astrológicas não muito positivas, com as quais resolvi aprender a lidar - o que tiver que ser, será.
Janeiro teve exames da faculdade (que correram especialmente bem), teve a operação do meu pai (que também correu bem), teve a partida dele para longe, sem ninguém saber se regressava.
Fevereiro chegou e com ele mais exames, mais stress. O meu querido Blogue completou dois anos. Dia 14, Dia dos Namorados e uma visão totalmente diferente da que sempre tive em relação a esse dia. E foi em Fevereiro que coloquei em prática algo em que já há muito andava a pensar e que viria a mudar totalmente a minha vida: fazer Erasmus.
Março, mês do Carnaval. E que Carnaval, senhores! Um dos melhores de sempre, sem dúvida. E depois, uma noticia importante e com a qual fiquei muito feliz. Destino de Eramus? Granada, a minha primeira opção. Uma ameaça de tsunami no Chile e muita preocupação com a minha irmã que lá estava retida. Momentos tristes por ver o meu pai e a minha irmã de costas voltadas. Dia 28, fiz vinte anos e com eles veio a promessa de uma festa de arromba para os festejar.
Abril trouxe a dita festa que foi, efectivamente, de arromba. Comecei a ter aulas de condução e, uns dias depois, passei no exame de Código. De repente, saudades dele. O casamento do William e da Kate que quase me fez voltar a acreditar nos contos de fadas.
Maio - o mês académico por excelência - trouxe as Queimas das Fitas e os Enterros das Gatas. Muita animação, muitos amigos e, surpreendentemente, a perspectiva de um novo amor. Uma música dedicada e um dos melhores concertos da minha vida. Por outro lado, a guerra dentro da minha própria família continuava, o que me ia deixando aos poucos sem forças para nada. F.C.P. Campeão - orgulho. Uma viagem para o Algarve e momentos passados com pessoas que jamais esquecerei.
Junho veio com calor e, graças a ele, pouca vontade para estudar. Exames, trabalhos, stress. O desespero pelas férias que tardavam em chegar.
Julho começou com alguma desilusão. O sabor amargo do cansaço. Finalmente chegaram as férias. Descanso, filmes e saídas. Praia, piscina, calor e muito sol. O meu pai mal e eu preocupada com ele. Última semana passada no Algarve, com elas, que me soube muito bem. Dia 31 e passaram dois anos desde que o conheci.
Agosto, como sempre, é sinónimo de mais Algarve. Este ano com mais peripécias ainda. A facada nas costas de uma daquelas que eu julgava ser uma das minhas melhores amigas e uma das melhores pessoas que eu conhecia. A dor, a revolta, a desilusão. Exame de condução e a carta ainda não me ficou nas mãos. Mais calor, mais praia, mais amigos, mais dolce fare niente.
Setembro foi um mês de mudança. O medo da partida. A ansiedade. As despedidas. No meio disso tudo, novo exame de condução e, desta vez, com direito à carta na minha mão. Dia 23 saí do Porto com lágrimas a correrem-me pelo rosto. Dia 24 cheguei a Granada. A surpresa. O nervosismo. As perspectivas. A esperança.
Outubro e o amor por Granada a crescer exponencialmente. As amizades que se foram criando. Saudades de casa, claro. Surpresas. Uma delas muito negativa que mudou, para sempre, a minha relação com uma pessoa que me era muito próxima.
Novembro e o "quero ficar a viver em Granada para sempre". A paixão pelo Erasmus e a certeza de que foi a melhor decisão que tomei na vida. Um sentimento estranho que me invadiu. Uma pessoa que mexeu comigo. Vindo do nada, ele reaparece na minha vida. Confusão de sentimentos.
Finalmente, Dezembro. A dúvida: "existe vida após Erasmus?". As amizades cada vez mais fortes. Laços que não se quebrarão nunca, seguramente. Uma loucura cometida numa noite de copos. O medo, o arrependimento, a vergonha. Depois, a conversa e o alivio. A visita de cinco amigos muito queridos e do meu ainda mais querido pai. A vontade de ficar em Granada mais um semestre. A tentativa. A espera e a ansiedade pela resposta. O regresso a casa, passados três meses. Matar saudades. O Natal. A família. O reencontro com ele. Um sentimento que nunca morreu.
Agora chega o fim mais um ano. Um ano cheio de vida. cheio de pessoas, de novas amizades, de outras que se mantiveram e outras que chegaram ao fim. Um ano caracterizado pela mudança, pela superação. A melhor experiência da minha vida.
Apesar de neste momento me sentir assim estranha (não estou triste... talvez melancólica seja uma melhor palavra), quero começar 2012 com esperança.