E cá estou eu. Mais um 14 de Fevereiro, mais um Dia dos Namorados, mais um ano. E a mesma situação. Não estou deprimida, estou só carente. Ontem recebi uma prenda especial que me deixou um brilhozinho nos olhos.
Parei para pensar na minha vida. Claro que não é uma vida de sonho (apesar de haver por aí muita gente infeliz que se dava por satisfeito com uma vida como a minha), mas tenho nela muita coisa boa. Tenho um pai e uma mãe que adoro e que, cada um à sua maneira, estão presentes. Tenho uma irmã que é totalmente diferente de mim. Partilhamos muitas brigas, muitas divergências, mas ainda assim, mentiria se não afirmasse que gosto muito dela. A minha família é enorme e não é perfeita. Há alguns desentendimentos e nem todos se dão bem. Felizmente, não tenho problemas com ninguém. Melhor de tudo: tenho amigos. Tenho bons amigos que, até hoje me ampararam todas as quedas. E tenho não uma, mas duas casas (vantagem de ter papás separados). Não sou rica mas vivo confortável. Tenho a oportunidade de poder ser estudante a tempo inteiro. Não preciso de trabalhar para me sustentar. Enfim... devo estar grata com a vida que tenho!
É verdade que, neste momento, neste dia, não tenho um namorado. É também verdade que no ramo afectivo as coisas não me têm corrido propriamente bem. É verdade que me tenho envolvido sempre com as pessoas erradas. E, consequentemente, é também verdade que tenho sido sempre eu quem sai a sofrer desses relacionamentos (ou tentativas de relacionamentos) falhados. Sinto que apesar dos meus tenros (quase) dezanove anos, já sei e já vivi muito. Já passei por muita coisa nesta vida, apesar de pouca gente saber ao que me refiro. Passei muito tempo calada, a guardar tudo para mim. Não falava com ninguém. Não partilhava os meus medos, as minhas angustias, as minhas inseguranças. Eu sempre fui a ouvinte. Não por não me darem a opção de falar, simplesmente eu não queria. Claro que as coisas mudaram. E ainda bem! Acho que se continuasse a absorver tudo e a não transmitir nada, mais tarde ou mais cedo, ia rebentar um problema grave. Aprendi a falar e a partilhar sentimentos. Claro que as pessoas nem sempre sabem o que dizer, claro que nem sempre podem resolver, ou mesmo ajudar a resolver os nossos problemas. Mas só o facto de alguém estar disposto a ouvir-me, ajuda.
O casamento dos meus pais falhou. E eu cresci a ouvir a minha mãe dizer-me que nem metade daquilo que "investimos" nos homens vale a pena. Sempre me disse para não ser como ela e para nunca deixar de estar em primeiro lugar nas minhas prioridades. Leonor, primeiro tu, depois os homens. Por mais que façamos por eles, no final, é como se nada tivéssemos feito, segundo ela. Eu tentei e ainda tento aprender com ela. Aliás, eu concordo com ela. Só não consigo ser assim. Nem sempre consigo pensar em mim em primeiro lugar, sou pouco de mim para mim e muito de mim para os outros. E é isto que me leva a crer que, provavelmente, terei sucesso na minha futura profissão. Mas também é isso que me tem tornado uma pessoa tão sofrida. A ferida pode sarar, mas as cicatrizes permanecem. Perdoo mas não esqueço, paro de chorar mas não paro de sofrer.
Isto tudo para dizer que não, que realmente não ligo ao Dia dos Namorados. No entanto, é impossível deixar de pensar que, se as coisas não tivessem corrido mal, eu não estaria aqui sozinha neste momento. Ainda é tudo muito recente para mim, ainda estou na fase de recobro. É verdade que as relações começam e acabam. É verdade que as pessoas entram e saem das nossas vidas a uma velocidade incrível e, quando damos conta, já é tarde demais para alterarmos isso. E é inevitável: há pessoas mais importantes que outras, há pessoas mais especiais. Não assumimos posições iguais perante todas as pessoas que fazem parte da nossa vida. E por isso é que dói muito mais assistir às partidas de uns do que de outros.
Feliz Dia! Não só para os namorados, mas para todos.
Parei para pensar na minha vida. Claro que não é uma vida de sonho (apesar de haver por aí muita gente infeliz que se dava por satisfeito com uma vida como a minha), mas tenho nela muita coisa boa. Tenho um pai e uma mãe que adoro e que, cada um à sua maneira, estão presentes. Tenho uma irmã que é totalmente diferente de mim. Partilhamos muitas brigas, muitas divergências, mas ainda assim, mentiria se não afirmasse que gosto muito dela. A minha família é enorme e não é perfeita. Há alguns desentendimentos e nem todos se dão bem. Felizmente, não tenho problemas com ninguém. Melhor de tudo: tenho amigos. Tenho bons amigos que, até hoje me ampararam todas as quedas. E tenho não uma, mas duas casas (vantagem de ter papás separados). Não sou rica mas vivo confortável. Tenho a oportunidade de poder ser estudante a tempo inteiro. Não preciso de trabalhar para me sustentar. Enfim... devo estar grata com a vida que tenho!
É verdade que, neste momento, neste dia, não tenho um namorado. É também verdade que no ramo afectivo as coisas não me têm corrido propriamente bem. É verdade que me tenho envolvido sempre com as pessoas erradas. E, consequentemente, é também verdade que tenho sido sempre eu quem sai a sofrer desses relacionamentos (ou tentativas de relacionamentos) falhados. Sinto que apesar dos meus tenros (quase) dezanove anos, já sei e já vivi muito. Já passei por muita coisa nesta vida, apesar de pouca gente saber ao que me refiro. Passei muito tempo calada, a guardar tudo para mim. Não falava com ninguém. Não partilhava os meus medos, as minhas angustias, as minhas inseguranças. Eu sempre fui a ouvinte. Não por não me darem a opção de falar, simplesmente eu não queria. Claro que as coisas mudaram. E ainda bem! Acho que se continuasse a absorver tudo e a não transmitir nada, mais tarde ou mais cedo, ia rebentar um problema grave. Aprendi a falar e a partilhar sentimentos. Claro que as pessoas nem sempre sabem o que dizer, claro que nem sempre podem resolver, ou mesmo ajudar a resolver os nossos problemas. Mas só o facto de alguém estar disposto a ouvir-me, ajuda.
O casamento dos meus pais falhou. E eu cresci a ouvir a minha mãe dizer-me que nem metade daquilo que "investimos" nos homens vale a pena. Sempre me disse para não ser como ela e para nunca deixar de estar em primeiro lugar nas minhas prioridades. Leonor, primeiro tu, depois os homens. Por mais que façamos por eles, no final, é como se nada tivéssemos feito, segundo ela. Eu tentei e ainda tento aprender com ela. Aliás, eu concordo com ela. Só não consigo ser assim. Nem sempre consigo pensar em mim em primeiro lugar, sou pouco de mim para mim e muito de mim para os outros. E é isto que me leva a crer que, provavelmente, terei sucesso na minha futura profissão. Mas também é isso que me tem tornado uma pessoa tão sofrida. A ferida pode sarar, mas as cicatrizes permanecem. Perdoo mas não esqueço, paro de chorar mas não paro de sofrer.
Isto tudo para dizer que não, que realmente não ligo ao Dia dos Namorados. No entanto, é impossível deixar de pensar que, se as coisas não tivessem corrido mal, eu não estaria aqui sozinha neste momento. Ainda é tudo muito recente para mim, ainda estou na fase de recobro. É verdade que as relações começam e acabam. É verdade que as pessoas entram e saem das nossas vidas a uma velocidade incrível e, quando damos conta, já é tarde demais para alterarmos isso. E é inevitável: há pessoas mais importantes que outras, há pessoas mais especiais. Não assumimos posições iguais perante todas as pessoas que fazem parte da nossa vida. E por isso é que dói muito mais assistir às partidas de uns do que de outros.
Feliz Dia! Não só para os namorados, mas para todos.
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