quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Seis meses depois: crónicas de (mais) uma noite nostálgica


Seis meses. Foste embora há seis meses. Faltam seis meses para voltares. Eu? Cansei. Cansei de esperar. Cansei de fazer da minha vida uma espera. Cansei de contar os dias. Cansei de contar os meses. Não posso reduzir a minha vida a uma espera. Não quero.
Seis meses. Cento e setenta e três dias. Em todos, sem excepção, pensei em ti. Contigo fiz uma coisa que jamais fiz com outrem  A ti entreguei-me, nua – vulnerável – numa folha de papel que atravessou um oceano. Nessa folha não foi apenas uma parte de mim, fui eu, mulher inteira e imperfeita. Ofereci-te o meu coração. Um coração renovado, renascido, o coração puro daquela criança que há quinze anos te dava beijinhos na boca às escondidas, atrás daquela buganvilia em flor. Minto se disser que não esperava nada em troca. (Ofereci-me a ti! Queria-te, em troca!). Deste-me o esperado, escolheste o lugar comum. Questionaste o que eu sentia e, com isso, questionaste o meu corpo, questionaste o meu coração. Esperava chorar, mas sorri. Porque sabia (sei) que me queres, que me sentes e que me gostas. Mesmo com um oceano entre nós.
Senti-te todos os dias, nestes seis meses.  Senti-te, toquei-te e cheirei-te. Fui sempre tua, mesmo quando procurei os teus abraços nos braços de outro. Fui sempre tua, mesmo quando ofereci o meu corpo a outro que não tu. O meu corpo sim, o meu coração nunca. Porque quando se dá um corpo a outro é mesmo isso que acontece: dois corpos, oferecidos um ao outro, consumidos pelo instinto. Mas quando se dá um coração a outro, acontece outra coisa: mais do que dois, tornam-se um. E isso é mágico. Afortunados os que experimentaram essa mística sensação que nos faz morrer e nascer no mesmo milésimo de segundo.
Agora? Estou exausta. Dói me a alma. A alma velha, ao contrário do coração que te dei. Não posso fazer da minha vida uma espera. Não quero. Gostava de ter a coragem de viver para ti. Mas eu, mulher inteira e imperfeita, sou fraca. E a minha vida não és tu.
A minha vida sou eu.

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